sábado, 7 de julho de 2012

Fé mercadológica (Lutero, "o Retorno")

A Reforma Protestante ocorreu na Alemanha no ano de 1517, que entre outras coisas refutava veementemente a superstição religiosa e a comercialização de bençãos.

  Hoje, 495 anos depois a Igreja se encontra refém dos mesmos modismos delatados e repelidos naquela época. Tais comportamentos foram ressuscitados no seio evangélico como um ataque à genuína doutrina bíblica.

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O mercantilismo da Idade Média, que pregava a venda da Salvação por meio da chamada Indulgência, denunciada por Martinho Lutero, ergue-se das cinzas. Agora potencialmente proclamada, levam os incautos as promessas de uma existência cheia de benesses aqui na Terra e, depois, a Vida Eterna. Antes éramos conhecidos pelos textos de Mateus 11.28 e ainda João 3.16, tidos como chave da Salvação.
Mas, atualmente, muitos têm o evangélico como triunfalista, positivista e status. O versículo básico passou a ser agora uma interpretação do pretexto de Filipenses 4.13.

  Aqui no Brasil, onde muitas igrejas utilizam e vendem elementos de toque para que as pessoas alcancem as bençãos divinas, ocorre, consequentemente, uma abrupta mudança de enfoque na mensagem evangelística.


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   Muitos ministérios criados da noite para o dia vivem de oba-oba, jeitos e trejeitos rapidamente imitados e difundidos por todos os lados. Tentam maquiar a ação do Espírito, apresentando meios subjetivos de sucesso momentâneo, com apelos à mente, mas que não alimentam a alma. Não são poucos que tentam fazer Deus de servo, em vez de tê-lo como Senhor. A supersticiosidade, por sua vez, também volta com força total, com o uso indiscriminado do óleo da unção , a neurótica maldição hereditária, o ensino bizarro sobre batalha espiritual, a adoração a anjos, a comercialização de suvenires "abençoadores" etc.

   Várias igrejas evangélicas estão praticamente reeditando a idade das trevas da igreja medieval. Fatos esse têm sido motivo de preocupação para lideranças de todo o Brasil, que erguem firmemente sua voz contra os modismos. De Norte a sul do país, fala-se da necessidade urgente de reavivamento.

   Segundo o Pastor Paulo Freire, Líder do Conselho de Doutrina da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil em reportagem à Revista Resposta Fiel: "A Igreja deve estar atenta para não se deixar enganar. Paulo, escrevendo aos colossenses apontava para o estado espiritual em que hoje estão mergulhados alguns segmentos. Ele disse: 'Ninguém vos engane com palavras persuasivas'; 'Ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas'; 'Ninguém vos domine a seu bel prazer, com pretexto de humildade e culto aos anjos'. Pedro afirmou: 'Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente, nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto, nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho', I Pedro 5.2-3".

   Segue abaixo um texto extraído da obra SuperCrentes do Pastor Paulo Romero, observe algumas alegações perversas que não esposam com as Escrituras Sagradas:


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   "...Filho de Deus, Jesus não andou em pobreza. Leia cuidadosamente a alimentação dos cinco mil. Quando eles viram os cinco mil, literalmente disseram isto. Agora, eu sei o que os teólogos farão com isso, mas eu não estou tentando impressionar os teólogos. Estou tentando impressionar pessoas que querem saber o que a Palavra de Deus diz. Estou tentando colocar alguma verdade em seu espírito. E você lê a narrativa, e ela literalmente diz: o discípulo disse: "Compraremos comida e alimentaremos todos estes? E eles disseram: 'Duzentos dinheiros seriam necessários para alimentar a todos. Iremos nós comprar a comida?'" Eles tinham o dinheiro na bolsa para alimentar cinco mil, mais as mulheres e crianças. Estou lhe dizendo, Jesus não liderou um ministério de pobreza (John Avanzíni, gravado em 14.12.91, no programa Believer's Voice of Victory).

   Jesus estava administrando muito dinheiro, pois o tesoureiro que ele tinha era um ladrão. Agora, você não vai me dizer que um ministério com um tesoureiro ladrão pode operar apenas com poucos centavos. Era necessário muito dinheiro para operar aquele roubando da bolsa (John Avanzini, gravado em 15.07.1988, no programa Praise The Lord, da Trinity Broadcasting Network). João 19 nos diz que Jesus usava roupas de griffe... A túnica era sem costura, tecida de cima até embaixo. Era o tipo de vestimenta que os reis e os mercadores ricos usavam (John Avanzini, gravado em 20.1.1991, no programa de Kenneth Copeland).

   Não ore mais por dinheiro... Exija tudo o que precisar (Kenneth Hagin citando Jesus, How God Taught Me about Prosperity, p. 17).

   Jesus disse: "Tenho dito ao meu povo que ele pode ter o que diz, mas meu povo está dizendo o que tem" (Charles Capps, God's Creative Power Will Work for You, p. 26).

   Deus quer que seus filhos usem a melhor roupa. Ele quer que eles dirijam os melhores carros e quer que eles tenham o melhor de tudo... simplesmente exija o que você precisa (Kenneth Hagin, New Thresholds of Faith, 1985, p. 55).

   ... Esta Bíblia é um livro de prosperidade!... A única vez em que as pessoas foram pobres na Bíblia foi quando estiveram sob uma maldição. E a única razão de terem estado sob maldição é porque não ouviram e não fizeram o que Deus lhes dissera que fizessem (Robert Tilton, gravado em 27.12.1990)".

   Alguns pontos que foram levantados na Reforma Protestante estão em questão de novo. A Reforma foi ao âmago da questão ao confrontar a fé na autoridade com a autoridade da fé. Analisando por este ângulo, observamos hoje que com o poder da mídia predomina o culto à personalidade e a proliferação de gurus com "novas revelações", que oferecem um panorama de retrocesso à superstição e ao superficial. A causa desse fenômeno reside no desprezo pela ortodoxia bíblica e uma interpretação equilibrada das Sagradas Escrituras. Alguns obreiros imprudentes acabam se envolvendo em tais modismos. Talvez em consequência da velocidade com que as informações precisam ser assimiladas para a vida tão competitiva que vivemos, alguns pregadores têm se afastado do exame meticuloso e devocional da Palavra de Deus. Por transferência e imitação, "gurus" acabam formando a opinião pública, levando o rebanho de Deus para a superficialidade e dando mais tempo para o lazer e entretenimento, e o círculo vicioso então se completa, pois é deste rebanho que surgirão os novos líderes espirituais.

   Urge a necessidade que a exposição bíblica retorne ao "texto dentro do contexto", cabendo aos verdadeiros obreiros conservar o modelo ensinado pelos apóstolos.



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   De acordo com o Missionário Roger Smalling da Igreja Presbiteriana das Américas "os propagadores da teologia da prosperidade ensinam que o crente tem acesso à mesma força empregada por Deus ao criar o mundo. Como pequenos deuses, podemos nos servir à vontade dessa fé-força e criar a realidade que desejamos. Se carecemos de prosperidade material ou boa saúde, o problema está em nossa ignorância sobre como controlar a "força" da fé" e refuta "através dos séculos, a teologia cristã tem compreendido o significado da 'fé' como a confiança ou crença em Deus. Qualquer que seja o significado que os movimentos da prosperidade tenham dado ao final, observa-se claramente que não concordam com aquilo".

   Em contrapartida, o Bispo Edir Macedo em seu livro "A Voz da Fé" ao defender " A Glória da Fé" diz que " Os que vivem a fé sobrenatural têm o direito e o privilégio de verem as promessas de Deus se materializarem em suas próprias vidas, pois está escrito: 'Estes sinais hão de acompanhar os que creem...(Marcos 16:17)".

   Um dos sintomas em nossos dias é a mudança de foco. "É preocupante assistir a cultos em que a ênfase na benção de Deus supera o Deus da benção. Nem tudo que prospera é de Deus, e portanto nosso enfoque deve ser o chamado ao discipulado, à vida de renúncia a si mesmo, preferindo sofrer com o povo de Deus, do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado, pois temos em vista a Cidade Eterna. Saúde, dinheiro, patrimônio e fama não são credenciais de aprovação divina sobre nossa conduta. A verificação de nossa vida com Deus é observada pela manifestação do fruto do Espírito, conforme Gálatas 5.22. É a valorização do ser" analisa Freire.

   O Pastor Ciro Zibordi no livro Evangelhos Que Paulo Jamais Pregaria, dirigindo-se ao culto da prosperidade diz que "há tantas distorções em nossos dias, que às vezes temos a impressão de que nossa salvação consiste apenas em possuir bençãos materiais. Os pregadores enfatizam tanto que devemos conquistar bens e riquezas, que nos esquecemos até de cultuar a Deus, de louvá-lo, de bendizer-lhe por tudo quanto tem feito por nós, dando-nos a preciosa salvação em Cristo(Sl 103.1, 2; 116.12, 13)".

   Mas também acredito em uma mudança. Mesmo ossos sequíssimos podem reviver. O sopro do Espírito fará isso, mediante a palavra de seus profetas. Oremos para que a cada congregação, vila, povoado ou cidade, Deus nos faça obreiros corajosos que só tenham medo do pecado, prontos para anunciar o ano aceitável do Senhor, do modo do Senhor e para a glória do Senhor.

   A nossa oração deve ser a do profeta Habacuque: "Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia", Hc 3.2.

   Sempre em Cristo,

   Dc Josebias.

2 comentários:

  1. PARABENS PELA MATERIA, AS VEZES ME SINTO COMO O PROFETA ELIAS, MAS QUANDO VEJO PESSOAS COMO VOCÊ, ENTENDO QUE HÁ MUITOS QUE AINDA NÃO DOBRARAM SEUS JOELHOS A BAAL. UM FORTE ABRAÇO E A PAZ DE CRISTO

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  2. Querido Dc Josebias, gostei muito das verdades que você expôs.... Que Deus continue te usando assim!
    Vou compartilhar o link desse post no meu Facebook para que muitos possam abrir o olhos!

    Paz e graça do Senhor

    Pr Wellington

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