O Jardim do Éden realmente existiu antes da narrativa de Gênesis, como dá a entender a passagem de Ezequiel 28.13?

Entendem esses intérpretes que em Gênesis 1.1 o texto se refere à criação original dos céus e da Terra, evidentemente uma terra pré-adâmica, pois somente muito depois Adão foi criado. Em outras palavras, a expressão "No princípio", em Gênesis 1.1, está fora do tempo dos seis dias da Criação, que vai de 1.3 a 2.25.
A palavra "e", do versículo 2 do primeiro capítulo de Gênesis, indica que a obra citada neste versículo, isto é, a Terra sem forma e vazia, resultou de eventos independentes. Isso quer dizer que, entre os versículos 1 e 2, ocorreram catástrofes que transtornaram a obra criada "no princípio" por Deus. Uma tradução mais fiel ao original seria "e a Terra tornou-se sem forma e vazia". O verbo hebraico que foi traduzido por "era" é hayah, o mesmo traduzido para tornar-se logo adiante, no versículo 7:"o homem tornou-se alma vivente" , e como transformar-se em Gênesis 19.26:"a mulher de Ló foi transformada numa estátua de sal".
Em Isaías 45.18, encontramos o profeta dizendo claramente que Deus não criou a Terra para ser vazia, mas a formou para que fosse habitada. Então, que eventos a teriam esvaziado? Embora devamos respeitar o silêncio da Bíblia, não podemos fugir à imaginação e à curiosidade humanas, que querem saber mais. Não podemos furtar-nos à especulação. Este mundo pré adâmico foi arrasado durante a revolta dos anjos, de que nos fala Isaías 14.12-14 e Ezequiel 28.11-19. Parece claro que o "rei de Tiro" é uma personagem que simboliza Lúcifer, pois nenhum rei da Terra esteve no Éden, Jardim de Deus.
Portanto, o Jardim do Éden já existia antes do relato do Gênesis? Se tratamos do jardim onde Adão habitava, não. O que existiu foi um jardim no monte de Deus, na Terra, cujo regente era Lúcifer, o querubim ungido. Esse jardim era ornamentado de pedras mais preciosas do que o ouro. Chegamos a esta conclusão lendo o texto completo em Ezequiel.
Lúcifer, o querubim da guarda estabelecido por Deus, era perfeito em seus caminhos desde que foi criado, até que nele se achou iniquidade. Ao que se pode depreender dos textos que a ele se referem, governava sobre a Terra após o ato inicial da Criação, isto é, no período situado entre o primeiro e o segundo versículos do Gênesis. Possuidor de formosura e poder extraordinários, deixou-se possuir pela vaidade e quis transferir o seu trono para o Céu. "Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor", Ez. 28.17.
Houve guerra no Céu e um terço dos anjos aderiram ao querubim rebelde. João viu estes anjos combatendo na guerra final, ao soar da sétima trombeta (Ap 12.4). Jesus também fez referência a esta guerra, em Lucas 10.18.
Parece-nos, claro, portanto, embora devamos respeitar opiniões divergentes, que o Jardim do Éden onde habitou o primeiro casal era outro, criado por Deus na obra iniciada em Gênesis 1.3, que restaurou a criação inicial, tornada caótica durante a rebelião levada a efeito por Lúcifer, quando quis transferir da Terra para o Céu a área que lhe cabia reger. O tema nos exorta também à simplicidade, alertando-nos quanto a excesso de poderes que muitas vezes queremos concentrar em nossas mãos e que podem transtornar-nos a vida espiritual.
Sempre em Cristo,
Josebias
Sempre em Cristo,
Josebias